Abstract
Introdução: A compulsão alimentar é um transtorno alimentar de ordem psicológica, caracterizado por episódios de grande ingestão alimentar e acompanhado, na maioria dos casos, pelo sentimento inicial de felicidade, seguido de culpa e arrependimento. Traz como consequências obesidade, diabetes, colesterol alto e depressão, entre outros problemas de saúde. Na Atenção Primária à Saúde (APS), em alguns casos, foi observada a importância de propor a possibilidade de um cuidado integral às pessoas que possivelmente estejam desenvolvendo esse processo de adoecimento, levando em consideração seu contexto, estilo de vida e autonomia de ponderar as decisões que dizem respeito ao seu tratamento. Objetivo: Relatar a experiência dos profissionais de Nutrição e Psicologia da APS em casos de pacientes com episódios frequentes de compulsão alimentar. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência qualitativa, resultante de atendimentos realizados em uma Unidade Básica de Saúde a usuários encaminhados aos serviços de Nutrição e Psicologia dessa instituição. Resultados e discussão: Foi observado, a partir dos encaminhamentos realizados pelos profissionais de saúde da rede em questão, que os casos de compulsão alimentar atendidos estão relacionados a situações de sofrimento psicológico não elaboradas. Nesse sentido, foi realizada a articulação entre os profissionais de Nutrição e Psicologia no processo de referência e contrarreferência, bem como em momentos de discussão de casos. Dessa forma, o profissional de Psicologia propôs o cuidado dos aspectos emocionais relacionados à alimentação, à história do usuário e à avaliação do desejo do paciente com relação aos procedimentos propostos em seu tratamento. Enquanto isso, a Nutrição propôs mudanças na rotina alimentar e nos hábitos de vida. Essa interlocução possibilitou o planejamento do cuidado dessas pessoas, além de uma visão mais ampla da questão. Considerando a necessidade de atividades educativas na APS, percebeu-se a importância dessas intervenções, tendo em vista o risco de desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), o agravamento do sofrimento psicológico e outras comorbidades. Considerações finais: Compreende-se, como fruto dessa experiência, a importância da interprofissionalidade na APS, oferecendo aos usuários um cuidado amplo e em consonância com os princípios da continuidade, da prevenção em saúde e da avaliação dos problemas no território, além do encaminhamento para intervenções mais especializadas. Por fim, foi avaliado que a atuação dos profissionais de saúde vai além da oferta de serviços, ao tentarem prevenir o problema em questão. Isso ressalta a necessidade de planejar diferentes intervenções no território, com o auxílio de outros profissionais e setores.

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